Produção de caviar no Algarve

17-08-2011 - 15:24

Iguaria disponível em 2015, estimam criadores do projecto

Projecto inédito da Universidade do Algarve visa criar uma unidade de cultivo de esturjão em aquacultura. Responsáveis acreditam que em 2015, o caviar produzido no Algarve já pode estar à venda, informa a LUSA.

A ideia, que reúne um biólogo, um perito em aquacultura e um empresário, passa por instalar, até ao fim do ano, numa zona do Algarve ainda a definir, uma unidade de produção de esturjão (peixe cujas ovas dão origem ao caviar), estimando-se que em quatro anos possam ir para o mercado as primeiras embalagens da iguaria.
O esturjão está em risco de desaparecer porque é um dos peixes comercialmente mais valiosos do mundo. Por isso, neste momento, praticamente só é possível criá-lo em regime de aquacultura, explicou à agência, o biólogo Paulo Pedro.

Segundo o responsável da Universidade do Algarve, “no seu ambiente natural, com temperaturas negativas, os esturjões podem demorar 20 anos até atingir a sua maturação sexual mas no Algarve, devido à temperatura amena, o seu crescimento pode ser muito mais rápido”.

O mentor do projecto é Valery Afilov, que durante 12 anos trabalhou no cultivo de esturjão em aquacultura na Ucrânia e que desde que veio para Portugal, há uma década, sempre quis importar a ideia.

“Apesar de este tipo de peixe não ser muito conhecido aqui as condições para a produção de caviar no Algarve são mesmo muito boas”, afirma o especialista.



700 quilos por ano

A estimativa é que em quatro anos a equipa comece a produzir caviar de uma das quatro espécies de esturjões que se propõem cultivar. Contudo, para a espécie mais apreciada, esturjão beluga, é preciso esperar sete anos.

Um quilo de caviar daquela espécie, a que demora mais tempo a produzir ovas, pode custar entre mil a cinco mil euros, sendo a expectativa do grupo que em 2016 a unidade possa estar a produzir entre 600 a 700 quilos de caviar por ano.

Para os primeiros sete anos será necessário um investimento de 1,5 milhões de euros, financiamento que ainda não está garantido na totalidade embora já haja investidores interessados, refere Paulo Pedro.

“O grande objectivo é que o produto seja consumido em Portugal mas se assim não o for não estamos muito preocupados porque neste momento existe noutros países uma lista de espera enorme”, acrescenta o biólogo.



Repovoar estuários

Jorge Raiado, produtor de flor de sal de Castro Marim e que também integra o projecto, acredita haver mercado para o consumo de caviar no Algarve, sobretudo por parte dos hotéis e restaurantes de luxo.

“É verdade que é um produto caro mas também não é todos os dias que se come caviar”, refere, sublinhando que o Algarve é um mercado “especial” não só pelo turismo que recebe como pelos vários restaurantes ‘gourmet’.

Numa segunda fase do projecto a ideia é produzir também esturjão atlântico, que se extinguiu em Portugal na década de 1980, para poder repovoar estuários como os do rios Guadiana e do Arade, no Algarve.

Fonte: www.cienciahoje.pt